O advogado tem de ser um instrumento para a sustentabilidade
A CRISE ECONÓMICA E O SEU REFLEXO NA ADVOCACIA
A crise económica teve obviamente impacto no setor da advocacia, para além de ter tido o efeito de retracção do próprio mercado dos advogados, penso que tal, como nos mais variados sectores da actividade económica, levou à redução dos preços dos serviços prestados e exigiu, a nosso ver, destes profissionais atitudes, técnicas e formas diferenciadoras de abordar os problemas das empresas. É nos momentos difíceis que surgem as grandes oportunidades”, começa por referir Teresa Mendes
Em 2011, os bancos fecharam o crédito à tesouraria das empresas, o dinheiro deixou de chegar para fazer face aos compromissos dos empresários, o que teve desde logo dois efeitos imediatos: um, aumentou de forma acentuada o crédito vencido e, outro, disparou o desemprego.
CRÉDITO VENCIDO E MOROSIDADE DOS TRIBUNAIS
Os processos em tribunal continuam a registar uma morosidade de mais de três anos no que diz respeito às ações executivas.
“A reforma do processo civil de 2013 terá melhorado um pouco esta média, mas ainda se deve situar em mais de dois anos”, afirma Teresa Mendes. Comentando as diversas fases processuais, Andreia Almeida, uma das responsáveis da área das cobranças, explica que “atuamos muito e de forma muito incisiva na fase de pré-contencioso e nunca deixamos que uma penhora no local ocorra sem a nossa presença, faz toda a diferença estarmos lá e a fazer o máximo para que o cliente receba, pois esta é, muitas vezes, a última hipótese para que tal aconteça”. “Estamos muito contentes com os resultados das cobranças em 2015, tivemos vários clientes que em menos de um ano, recuperaram cerca de 70% da sua carteira de crédito vencido”, avança Teresa Mendes.
DESEMPREGO
A crise teve e continua a ter um grande impacto na taxa de desemprego continuando-se a falar constantemente em despedimentos em massa, exigindo uma forte intervenção dos advogados na condução de processos de despedimentos.
Teresa Mendes e Pedro Santos destacam o seguinte do quadro acima:
“É interessante atender que do total de efetivos despedidos em 2012, somente 1% tenham cessado o seu contrato por revogação, ou seja por acordo, e em 2015 esse número não vai além de 1,7%”, refere Pedro Santos.
Em 2015, 5.236 pessoas foram despedidas, sendo que, para além do peso que este número de desempregados tem para o Estado, no que se refere ao subsídio de desemprego, as empresas tiveram que pagar a totalidade das indemnizações legais devidas pelo despedimento.
Teresa Mendes recorda que “precisamente em 2011, vimo-nos confrontados com diversas empresas que, para se salvarem e ainda salvar alguns postos de trabalho, não tinham dinheiro para pagar a totalidade das indemnizações legais, mas tinham viabilidade comercial. No meio de tal limitação, desenvolvemos um método próprio que, numa média que se situa em cinco dias e não em 75 dias, como pode acontecer nos despedimentos colectivos ou por extinção de posto de trabalho, conseguimos através do método da revogação, acordar a cessação do contrato de trabalho, num ambiente, que apesar da envolvência, podemos considerar bom, e com ganhos imediatos para a tesouraria das empresa, conseguindo uma poupança para as empresas que, em 2015, foi de 48,21%, o que tem também uma outra vantagem: os casos que terminam por acordo não são impugnados em Tribunal e, como tal, não engrossam a coluna volumosa e lenta de processos pendentes nos Tribunais de Trabalho”, regista.
A DINÂMICA DA TM LEGAL
Uma das preocupações da TM LEGAL aquando da sua fundação foi distinguir-se pelo valor do seu trabalho e não tanto pelo nome de quem constituía a empresa.
“Sete anos volvidos, vamos alterar a marca de TML, sendo que a nova marca pretende expressar o que se refere acima de forma inequívoca, o L converte-se em legal, forma abrangente de designar a actividade jurídica, que vai além da advocacia e da consultoria, pretendendo abranger todas as envolvências legais que às empresas e clientes em geral digam respeito; e o TM na forma do símbolo de TRADE MARK, para que a nossa intervenção seja sentida com um cunho muito particular de profissionalismo especializado, sendo que pretendemos deixar com o nosso trabalho uma marca indelével de quem sabe o que as empresas e os clientes precisam e que acredita firmemente que o conhecimento jurídico é factor de eficiência e sustentabilidade, afirma Teresa Mendes.
Para a TM LEGAL, as empresas devem ter fácil acesso ao aconselhamento jurídico especializado. E este acompanhamento jurídico deve ser feito de uma forma plena e integrada, pelo que, para a TM LEGAL não é o cliente que tem de se dirigir ao escritório, mas sim os advogados às instalações do cliente no sentido de compreender a cultura da empresa e as suas necessidades para poder dar uma resposta mais célere e eficiente.
Quando, em 2009, Teresa Mendes decidiu fundar a TM LEGAL, o fito era ser uma sociedade vocacionada para o universo empresarial.
“Penso que conseguimos o nosso objetivo, de sermos reconhecidos pela capacidade de entender os problemas dos empresários, muitos vêm ter connosco para os ajudar a pensar e avaliar aspetos que vão muito para além do estritamente jurídico”.
Com uma sociedade de advogados direcionada para as PME´s de forma especializada nas diferentes áreas, a TM LEGAL tem uma visão empresarial, procurando pensar de uma forma semelhante aos empresários. “Não quero alguém que complique o negócio, mas sim alguém que fomente e promova resultados”, afirmam muitos dos clientes. A TM LEGAL procura, assim, trabalhar sempre com uma linguagem simples e objetiva junto dos seus clientes, num contexto de proximidade e de envolvência total. “Quando acompanhamos juridicamente um cliente se percebermos que uma tomada de decisão terá repercussões a outros níveis para além da área do direito que estamos a trabalhar, propomos imediatamente procedimentos e alternativas para que esses aspectos não sejam descurados”, refere a fundadora da TM LEGAL.
Por outro lado, a sociedade de advogados procura também consciencializar as empresas e particulares para a importância de recorrer a um advogado sem ser “em ultima instância ou quando há um problema ou algo para resolver”. “Queremos que as empresas e organizações tenham a noção da importância do acompanhamento jurídico em tomadas de decisões e no desenvolvimento de processos”, explica Andreia Almeida.
Pedro Santos vem reforçar a ideia da “utilidade de um advogado para o cliente”. “É isso que procuramos ser para cada cliente e em todos os trabalhos a que nos propomos”, afirma o nosso entrevistado.
A INTERNACIONALIZAÇÃO E O MERCADO GLOBAL
Uma das áreas de atuação da TM LEGAL assenta na vertente da internacionalização. “Já trabalhei em muitos continentes e culturas: África do Sul; Irlanda; Tanzânia; Grécia; Índia; Tunísia; Egipto; Itália; Cabo Verde; Suécia; Reino Unido; Holanda; Brasil; Estados Unidos da América; Turquia; Brasil; Espanha; Argélia e Nigéria. A verdade é que a extensão das operações a mercados estrangeiros, facilitada pelos processos de “regionalização dos mercados” e de globalização, é uma opção estratégica à qual as empresas recorrem cada vez mais”, observa Teresa Mendes.
Aqui, também a experiência de Teresa Mendes em internacionalização é fulcral. Tendo sido responsável dessa área durante oito anos no Grupo CIMPOR verificou que, inúmeras vezes, os advogados especialistas e excelentes profissionais tecnicamente, não tinham uma visão empresarial, nem se preocupavam com o que os administradores pretendiam ou com as consequências das decisões das empresas em diversos aspetos.
Assim, a fundadora da TM LEGAL rápido percebeu que um advogado tem de estar sempre ao lado de quem está a decidir e conhecer toda a dinâmica e os assuntos relacionados com determinada empresa para conseguir responder de uma forma eficaz aos serviços que são solicitados. A disponibilidade tem de ser total, principalmente quando se trata de empresas que se estão a internacionalizar ou pretendem preparar-se para o mercado global.
“Temos de saber falar a linguagem empresarial, entendê-la e colocá-la ao serviço da área jurídica. Foi esta visão que pretendi trazer para esta sociedade de advogados”, refere Teresa Mendes que a par do cargo exercido no Grupo CIMPOR, foi responsável pelo apoio jurídico à área da expansão, património e licenciamento do Grupo Jerónimo Martins, tendo sido responsável pela aquisição e arrendamento de setenta lojas daquele Grupo.
LIDERANÇA PARTILHADA
Devido ao seu vasto percurso profissional e à experiência adquirida, Teresa Mendes percebeu que a partilha e o espírito de equipa eram cruciais em qualquer atividade.
O início da carreira da nossa entrevistada foi marcado pela “especialização, polivalência, espírito da equipa, responsabilidade e acompanhamento constante com os conselhos de administração”. “Estávamos sempre disponíveis e estudávamos diariamente em horário pós-laboral para nos especializarmos nas áreas que o crescimento do Grupo exigia”, explica Teresa Mendes.
Atualmente a TM LEGAL é constituída maioritariamente por mulheres, todavia para Teresa Mendes neste momento isso é uma mera circunstância histórica, não fazendo nenhuma questão que assim seja, “amanhã pode ser o contrário”, afirma. Refere mesmo que está muito habituada a trabalhar em ambientes em que é a única mulher, foi o que aconteceu quando esteve oito anos envolvida no processo de internacionalização da CIMPOR, onde, especialmente nos países árabes, era muitas vezes a única mulher na sala de trabalho ou de negociações.
Questionada sobre as diferenças entre a liderança no feminino e a liderança no masculino, afirma: “talvez possamos dizer que a Liderança no masculino é triangular e a Liderança no feminino é circular, quer com isto dizer que o homem prefere marcar a sua posição hierarquicamente, situando-se no topo e a mulher prefere estar no meio da sua equipa”.
Reconhece que se sente bem em partilhar constantemente objectivos, visão, planos e ideias e que da interacção de todos nasce sempre algo muito melhor do que da estratificação de posições. É acérrima defensora do princípio “o todo é maior que a soma das partes”, por isso cultiva, desde que se conhece profissionalmente, o espírito de equipa e a partilha constante de conhecimento e de ideias.
«A este respeito um membro da sua equipa, Patrícia Pereira, que a acompanha desde o início da TM LEGAL afirma: “a Teresa é muito profissional e atenta a todos os pormenores; é uma pessoa muito humana, gosta e importa-se com a opinião de todos e que todos se sintam confortáveis”.»
«É com esta visão que gere a TM LEGAL e que está agora a reforçar a equipa com gente jovem, mas de muito valor, não tendo qualquer receio de partilhar com eles a própria estrutura de capital.»
«A TM LEGAL está também envolvida em projetos novos, de formação e de empreendedorismo, estando a sua equipa fortemente envolvida e motivada para abraçar novos desafios!»
Publicado originalmente em http://pontosdevista.pt/tag/tm-legal/ em 09/10/2016